domingo, 28 de fevereiro de 2010

O começo de uma jornada.

A pedido do meu amado e querido Rodrigo, depois de ler meu email desesperado, me deu a ideia de escrever sobre tudo que estou sentindo. Bem, então começarei a fazer isso hoje, apesar de ter evitado ao máximo.

Ainda estou, como diz a gíria em inglês, freaking out, completamente louca. Desde quarta-feira (24 de fevereiro) não durmo direito, por dois dias seguidos me entupi de remédios para dormir e quando não faço isso, durmo o mais tarde possível ou fico ouvindo uma banda que gosto até pegar no sono. Normalmente essa banda tem sido The Killers e ela tem uma música que diz que tudo vai dar certo, meio Beatles isso, eu sei, mas eles também tem e, por incrível que pareça, me dá uma estranha sensação de conforto.

Na verdade, ainda não sei se estou mesmo com um melanoma ou não, mas essa dúvida está me enlouquecendo cada vez mais, como se isso fosse possível, enlouquecer uma louca. Mas peço que as pessoas se coloquem no meu lugar, imaginem-se tendo que conviver com essa dúvida e sabendo que existe casos na família dessa doença e o local onde ela pode está, perto do pescoço.

Há alguns anos eu convivo com essa dúvida, desde que eu fiz meu primeiro tratamento dermatológico. Meu dermatologista já havia me deixado avisada para ficar de olho no meu sinal, caso ele crescesse ou pigmentasse mais, na época ele era marrom médio, se isso ocorre-se teria que removê-lo. Eu pensava com meus botões:Remover algo que já é minha marca registrada? Minha marca pessoal? Não, nem pensar! Mas caso isso ocorra, farei uma tatuagem imitando ele!

Passaram-se os anos e ele cresceu e pigmentou mais. Agora ele é preto e está pigmentando ao redor, segundo a dermatologista (nesse meio tempo eu troquei de médica por motivos financeiros), isso é um sinal de possível melanoma. Mas meu medo não começou aí. Começou na sala de espera para a consulta.

Eu deveria chegar no hospital antes das 13hrs para fazer ficha e ser atendida cedo. Sim, já estava louca antes disso, já estava com medo. O medo veio desde que mandei uma foto para um site e um dos comentários foi de uma pessoa que dizia que eu deveria ver um dermatologista o mais rápido que pudesse pois meu "carrapato" (como meu sinal é amavelmente apelidado) estava com uma aparência estranha. Meus familiares também falavam deles, perguntavam se eu tinha machucado pois ele estava com a aparência de inchado. Mas voltando a sala de espera...

Me senti um pouco horrorizada com o barulho e o número de pessoas naquela sala, era uma "clinica" de um hospital que atende a preços populares. Sim lá estava cheio e eu sempre tive uma séria aversão a lugares fechados com muitas pessoas, também não gosto de hospitais, eles tem uma energia ruim... Sei lá... Coisas de uma pessoa sensível a energias.

Esperei uma hora... Estava com fome, cansada e ansiosa. Putz, aquilo ali podia ser bem mais rápido e menos "abrasivo" e "traumático". Quando finalmente fui chamada foi para ir a outra sala esperar, mas dessa vez por pouco tempo. Assim que entrei no consultório, logo após um senhor que se queixava de calvice, me identifiquei com a médica. Me senti bem com ela, animada e alegre, me deixou um pouco mais calma antes de soltar um bomba no meu colo.

Depois de olhar as minhas espinhas, ela passou para meu sinal.
Diagnóstico: Remover IMEDIATAMENTE o sinal pois existe a possibilidade de ser algo mais grave.
Neste momento fiquei sem ar, devo ter feito uma cara assustada, mas creio que não ligaram para isso, pois ninguém quis saber como tava me sentindo. Agora tenho uma nova obrigação, usar sabonetes e cremes diariamente, sem contar com o risco de ter um ovário policistico, mas isso não me preocupa em nada.

Depois desse dia, passei a quarta e a quinta chorando sem parar (ok, isso foi exagero, mas chorava sempre). Escrevi esse email para meu amigo dia 25:

Assunto: Miedo, que dá meido do miedo que dá ♪

Amor, ando tristinha. Desde que cheguei do dermatologista não estou muito feliz, sempre querendo chorar e sair de casa...

Continuo com medo e fiquei com mais medo ainda depois do que a médica falou, mandou eu remover o meu sinal urgentemente pois tudo indica que ele possa ser um melanoma.

Queria tanto que você estivesse aqui para me dar a mão. Sei que você vai dizer que eu devo relaxar e que tudo vai dar certo, mas estou com muito medo. Estou quase entrando em parafuso aqui e minha mãe ainda fica me enxendo...

Queria você aqui comigo pra me dar uma força...

Te amo

Na noite da quinta, fizeram o favor (Sim eu sei que você está lendo isso) de me deixar mais louca ainda falando de remédios e quimioterapia. Alô! Eu já estou muito aperriada, não preciso de mais coisa para me aperriar! Quero que lembre-se que tenho irmãos que não moram comigo e quem, muitas vezes, acho que não dão a mínima para mim, que nem sabe o que está ocorrendo e eu nem quero que saibam.

Não quero a piedade de ninguém, não quero que ninguém tenha pena de mim ou dó. Quero só que entendam o que se passa na minha vida e, se eu for grossa ou não der a mínima pra você já sabe. Estou preocupada com outras coisa...

Agora é marcar a cirurgia... Tentei na quinta, mas não gostei do médico, o cara me atendeu no corredor, nem olhou direito para minha cara e ainda queria que eu fizesse lá, naquela hora... Não, médico com cara de tranbiqueiro mafioso não rola.

E a minha jornada continua... E na Veneza Brasileira são 13:26.

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